Ventos do Norte

Estou à espera de ventos que
venham do norte
e que me mostrem, me dobrem, me levem pela mão...
Me detenham e retenham
me arrastem no chão e
não me peçam perdão.
me enraízem por dentro
Tropa de ferro
Ferreiro de tropa
Fogareiro aceso
Vento do norte e esqueiros...
Iluminando a madrugada
Vaga-lumes em brasa
Tudo passa.
Vento sem toada que
foge pelo sol e chuva
Chove debaixo da saia,
enquanto descortina
a embaçada retina...
Rotina?
Coxinchina...
Você que teve medo de se entregar...
De amar, arrancar, arrasar e sublimar.
Sua pressa, sua fome de momento e falta de olfato
Sou felina
sinto falta do cheiro, da carícia, da língua
Da tua língua
Mas o que fizemos? Mas o que tivemos?
Rio límpido, mas ingrato...
Nossos tempos são diferentes
Somos Águia e Lobo
Somos sem sentido
Somos do mesmo ouro maciço
Queria ser a lindinha, a gracinha
que vejo olhares com insistência,
mas essa não sou eu!!!
Desse teu olhar obtuso veio a consciência
Que senti algo
Tosco, pouco, tolo, bobo, babaca
Senti você todo.
E essas tuas mãos ficaram sem minhas histórias
Tuas histórias ficaram sem minhas mãos
Elas não me feriram
Mas me fizeram perceber
Ventos do Norte
Ao qual me entrego ao amanhecer
Me entrego por prazer
Vale demais ser
Ser de coração, ser com e sem razão
Ser então
A própria procura e encontro
O jardim secreto
Um beijo tímido debaixo dos lençóis
Máquina fotográfica que tudo captura
Eis aqui uma história
Comentários
Muito gostei, Deliane. Poema intenso, cheio de vida!
Beijos,
H.F.
como as vezes somos bobas de abriar as portas só para quem deseja pernas abertas...
Os homens em sua maioria temem tamnha entrega e deleite e fogem de intimidades... esses tem ainda uma estrada longo a percorrer na vida e no amor. Siga os ventos do seu coração, independente dos ventos de outros... beijos
Fernanda Matos